Num dia estranho como hoje, ele me encheu de lágrimas, solucos e alegria.
Uma alegria que nao se encontra em qualquer jardim. Tive que postar aqui. Esse texto entra para a história que o meu coracao nao deixa apagar.
Para meu grande amigo Bê: muitos ventos coloridos e asas para voar...
Estranhezas e Retratos - por Bê
Mais um pouco do "Tratado geral das estranhezas do mundo": noite passada percebi que a estupidez humana reside nos armários de cada um.
Ao longo da vida, adquirimos a capacidade incrível de acumular certa quantidade de sentimentos, outro tanto de opiniões - estas que vão mudando constantemente -, um punhado de lembranças e algumas toneladas de tralhas e quinquilharias. É curioso como somos capazes de dar mais valor a um trocinho de papel do que a uma lembrança. Pior! Os pequenos troços têm força simbólica pavorosa: eles são as lembranças.
Não sei quem foi o primeiro a ensinar isso, mas a moda pegou. Guardamos coisas demais. Bom, eu arrumava o armário, pensando na estupidez humana, em como são latentes, indeléveis, os traços tão marcantes da nossa "origem humilde".
E será que pensar na estupidez é algo estúpido?
No entretanto, achei fotos antigas, larguei aquela porcariada toda de arrumação. Não há nada mais chato que arrumar um armário zorreado. Sentei ali mesmo, no chão, e fiquei revendo as fotos. A maioria delas foram tiradas nos primeiros anos da faculdade de direito. Tempo de experimentar, tempo de aprender a viver. Tempo que vivi.
Em meio a lembranças não mais tão recentes, pego uma foto dela.
Simplesmente deixei as fotos num cantinho, e fiquei só com aquela. Tirada no dia em que achei a velha pentax no armário da casa da vó. Foi o primeiro retrato que tirei com aquela câmera. Só podia ser dela, da Níni, a melhor amiga que a vida me deu.
Foi com ela que aprendi a experimentar, a descobrir. A Níni deu ares de aventura e candor pra uma vida que foi tomando, pouco a pouco, um rumo tão enfadonho. Conviver com ela aqueles anos foi aprender que o vento que sopra de noite tem cor. Cor e asas. Ah, ela, evidentemente, talvez nem saiba disso, me ensinou a voar nessas asas que têm os ventos azuis, que quando só pode caber alegria, é tudo vermelho.
Mas os rumos postos também são contrapostos e hoje a melhor amiga que já tive até hoje mora numa terra no topo do mundo, onde ainda o tempo é meio pedra, meio mito.
Naquele lugar milenar, terra de fogo e gelo, mora a saudade que respiro.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
NINI, EH TEMPO DE SAUDADE!!!! BJOS
Níni, e com que você imagina que foi regada cada palavra dessa?
Post a Comment